09 julho 2015

Cidades de Papel, de John Green


Tem um spoiler leve no penúltimo parágrafo, tal spoiler não vai estragar sua experiencia de leitura, mas esteja avisado.

Antes de Cidades de Papel, só tinha lido um livro do John Green, que é claro que é A Culpa é das Estrelas e ao ler Cidades de Papel, percebi algo que me deu ainda mais vontade de ler os outros livros dele. Essa coisa é que além de seus livros, em sua grande maioria, agradar aos leitores é que ele também conforta e te dá à oportunidade de crescer junto com os personagens. Por mais que a estória seja simples ou até superficial – o que ainda não testemunhei -, o John Green consegue tocar os leitores.

Cidades de Papel conta a estória de Quentin Jacobsen. Quentin está no terceiro ano e é apaixonado pela sua vizinha, Margo Roth Spiegelman, desde a infância. Depois que eles cresceram, Margo Roth Spiegelman e Quentin não se falavam mais, até que um dia Margo invade o quarto de Quentin no meio da noite e o chama para ajudá-la em um plano de vingança.

Os dois passam a madrugada toda juntos vivendo aventuras e executando os planos de Margo. Quando Quentin vai para escola no outro dia pensando que ele começaria a conviver mais com a Margo, descobre que ela sumiu. Onde ela está é um mistério, porém Quentin encontra algumas pistas que Margo deixou para ele e então Quentin decide que irá encontra-la.

"A cidade era de papel, mas as memórias, não"

Já disse no começo o quanto o John Green é incrível, mas nunca é demais elogiá-lo, não é mesmo? A escrita do John Green, além de ser rápida e te envolver na estória, é muito inteligente, cheia de referencias a cultura pop e já nesse livro mostra um pouco das metáforas, algo que se tornaria mais forte em A Culpa é das Estrelas.

Os personagens do John Green são sempre inteligentes, verdadeiros e interessantes, e nesse caso não foi diferente. Hoje vou começar a falando dos personagens coadjuvantes primeiro e quero ressaltar os melhores amigos do Quentin que são o Radar e o Ben. O Radar e o Ben são aqueles tipos de amigos companheiros que estão lá sempre para ajudar o Quentin, mas que são pessoas que tem seus próprios problemas e dilemas. E quanto mais conhecia o Radar, o Ben e até mesmo a Lacey, amiga de Margo, mais profundidade esses personagens ganhavam.



Não resisto a um personagem misterioso e com uma personalidade peculiar, então amei a Margo Roth Spiegelman. Toda essa aura de mistério que o John construiu em volta dela e depois foi se revelando, desconstruindo essas camadas foi um processo muito interessante.

Tive sentimentos controversos quanto ao Quentin durante a leitura. Quentin é um adolescente inteligente e nerd. Ao mesmo tempo em que me identificava com ele em alguns pontos, eu também o achava muito obsessivo com a Margo. Algo que, depois de pensar após a leitura, fica no contexto com a mensagem que livro passou no final. Porém, durante a leitura, eu queria gritar com ele e abraçá-lo ao mesmo tempo.

"Isso sempre me pareceu tão ridículo, que as pessoas pudessem querer ficar com alguém só por causa de beleza. É como escolher o cereal de manhã pela cor, e não pelo sabor."

Adoro quando um livro me oferece um conteúdo que é tudo de bom, e apesar de eu ter adorado este livro, tem algumas coisas que não agradaram tanto, mas que se tornaram mais compreensíveis após a leitura. Por exemplo, uma das partes mais legais do livro é a viagem de carro para tentar achar a Margo que o Quentin e os amigos fazem, mas até chegar nisso, o livro enrola muito.

Só que as coisas não são tão simples assim, a meu ver, a obsessão do Quentin e o livro enrolar um pouco estão ligados porque durante esse período o Quentin tem que se achar e resolver o mistério que é a Margo. Isso leva ele a um crescimento pessoal e sentimental que precisava de tempo para ser processado. O Quentin precisava de algum jeito, aceitar que ele estava apaixonado por uma garota com a qual ele não falava desde a infância, ele estava apaixonado por uma ideia, ele a endeusava de uma maneira que não se deve endeusar uma pessoa. O Quentin precisava aceitar que Margo era só mais uma pessoa para poder ter uma chance real de encontra-la. 

Eu gostei do final de Cidades de Papel e de certo modo, o achei positivo. Cidades de Papel é um livro sobre amizade e sobre coisas que devemos aceitar e viver para amadurecer. É um livro afável e verdadeiro.

Título Original: Paper Towns
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 368

5 comentários:

  1. Olá Yara!
    Li tua resenha cuidando para não achar o spoilet que tu deixou avisado hehehe ainda não li Cidades de Papel, mas o título está na minha lista! Gosto bastante da escrita do John Green, q foi tão querido com os fãs aqui no Brasil! Ele tem um jeito sensível e um certo humor ao escrever q cativam o leitor! E realmente, qndo um personagem precisa se encontrar com ele mesmo, se achar, a história parece um pouco mais demorada para desenrolar... mas como tu disse, é compreensível, pq idas e vindas são necessárias!
    Bjos
    Débora
    http://www.introducingyouabook.com/

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  2. Eu acho os livros do John Green rasos e profundos na mesma hora, rasos pois não considero ele dos melhores escritores (passo raiva em todos os finais de livros dele) e profundos pois tem umas frases marcantes e umas dosagens de metáforas. Gostei da construção dos personagens e da viagem em busca da Margo e ela sendo um mito a ser desvendado.

    Beijão
    Blog: Dei um Jeito

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  3. Que bom que gostou do livro, mesmo com algumas coisas não te agradando tanto <3
    "Isso leva ele a um crescimento pessoal e sentimental que precisava de tempo para ser processado." esse crescimento que você fala que me fez ter Cidades de Papel como favorito do John e com o filme agora, amei mais ainda essa história!

    Beijos
    http://mon-autre.blogspot.com.br/

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  4. Olá,
    Eu não tenho uma relação muito boa com os livros do autor, particularmente não acho que eles foram escritos para mim, pois os enredos realmente não me agradam, então não tenho interesse em ler nem esse e nem nenhum outro do autor, mas gostei da resenha.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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  5. Pelo que eu lembro, só li dois livros do John Green, que foram "A culpa é das estrelas" e "O teorema Katherine". Gostei muito mais do primeiro, é claro, mas acho que não cheguei a me empolgar mais porque eu nunca fui boa em matemática e ficava meio que voando na hora em que o carinha estava divagando sobre o teorema. Mas, fora isso, foi uma leitura agradável.
    Quero ler outro livro dele, pra poder dizer se amo muito ou pouco o João Verde.
    Ele é um escritor muito querido, isso é inegável em vídeos e entrevistas dele, mas ainda não posso dizer que sou super fã dele porque acho que ele ainda precisa me fisgar em algum aspecto meu de leitora que ainda não o fez.

    Obrigada pela visita lá no meu blog. Adorei o comentário que fez no post sobre "Entre Abelhas".

    Um abraço!

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